20 de Novembro não é apenas mais uma data... apenas mais um feriado... esse dia é um marco... um estímulo a mais para que nunca percamos a nossa capacidade de nos indignar com as injustiças sejam elas quais forem!
Na sexta-feira precisei ir ao médico e quase tive um siricutico ao ouvir uma desinformada, preconceituosa e arrogante criatura branca de cabelos louros comprados em farmácia e alisados em salão, falar de maneira bem pejorativa do "descabimento" do feriado do Dia do Zumbi. Me deu uma dor lancinante... foi como se cada açoite, cada passar de fome e frio daqueles negros que viveram aquele período sombrio e vergonhoso, doesse em mim! talvez tamanho preconceito se deva a falta de esclarecimento. de curiosidade histórica...
Apenas a título de curiosidade: 'O Quilombo dos Palmares (localizado na atual região de União dos Palmares, Alagoas) era uma comunidade auto-sustentável, um reino (ou república na visão de alguns) formado por escravos negros que haviam escapado das fazendas, prisões e senzalas brasileiras. Ele ocupava uma área próxima ao tamanho de Portugal e situava-se onde era o interior da Bahia, hoje estado deAlagoas. Naquele momento sua população alcançava por volta de trinta mil pessoas.
Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, livre, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado 'Francisco', Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim, e ajudava diariamente na celebração da missa. Apesar destas tentativas de aculturá-lo, Zumbi escapou em 1670 e, com quinze anos, retornou ao seu local de origem. Zumbi se tornou conhecido pela sua destreza e astúcia na luta e já era um estrategista militar respeitável quando chegou aos vinte e poucos anos.
Por volta de 1678, o governador da Capitania de Pernambuco cansado do longo conflito com o Quilombo de Palmares, se aproximou do líder de Palmares, Ganga Zumba, com uma oferta de paz. Foi oferecida a liberdade para todos os escravos fugidos se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; a proposta foi aceita, mas Zumbi rejeitou a proposta do governador e desafiou a liderança de Ganga Zumba. Prometendo continuar a resistência contra a opressão portuguesa, Zumbi tornou-se o novo líder do quilombo de Palmares.
Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o bandeirante paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão do quilombo. Em 6 de fevereiro de 1694 a capital de Palmares foi destruída e Zumbi ferido. Apesar de ter sobrevivido, foi traído por Antonio Soares, e surpreendido pelo capitão Furtado de Mendonça em seu reduto (talvez a Serra Dois Irmãos). Apunhalado, resiste, mas é morto com 20 guerreiros quase dois anos após a batalha, em 20 de novembro de 1695. Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.
Em 14 de março de 1696 o governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro escreveu ao Rei: "Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares."
ZUMBI, foi, é e para sempre será um dos personagens da história que me estimulam a acreditar que vale a pena lutar pelo que acreditamos... Sua morte não foi em vão... ainda hoje, graças a sua incrível capacidade de indignação, podemos ver fatos acontecerem em favor das minorias desvalorizadas... E em sua homenagem, é que devemos nos unir aquele gente sofrida, remanescentes dos negros da Marambaia,a lutar pela sua terra, que este homem branco, tão vaidoso, rancoroso e usurpador lhe tomou sem qualquer pudor!Afinal, como diz magistralmente a Bárbara: Eles não são apenas o que restou de Zumbi... eles são a perpetuação de Zumbi na face da terra!
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